08 Março

quinta-feira, junho 17, 2010

O DIA EM QUE A TERRA PAROU

Questionar a validade, ou melhor, a enorme interferência da Copa do Mundo de Futebol na vida nacional, beira à heresia.
A classe trabalhadora vibra com qualquer dia de folga, já que não temos uma cultura que se destaque pelo amor ao trabalho.
Trabalhamos, precisamos trabalhar, mas se pudermos escolher, escolheremos folgar.
Durante a copa, não temos opção. Tudo para!
A indústria paralisa durante algumas horas de jogo e mais algumas outras em que o jogo é comentado.
O comércio fica vazio, ninguém sai da frente da tevê, menos ainda para gastar dinheiro no comércio.
O setor de serviços segue a mesma ordenação, como se parar de trabalhar fosse um acordo tácito. Não é.
É uma imposição, se não de alguma lei – nem seria de estranhar que alguma lei fosse criada determinando isso! –
mas das circunstâncias que envolvem estes dias.
Fornecedores de produtos e mercadorias, ou até mesmo de matérias primas, podem ficar em casa,
tranquilamente, aguardando o fim da copa para então retomarem suas atividades.
É lícito supor que muitos não gostem de futebol ou até que não gostem de futebol tanto assim a ponto
de sacrificar atividades e compromissos que lhes são muito mais caros.
Como fica esta questão para quem quer trabalhar?
Para quem gosta e gosta muito de futebol, estas considerações devem ser muito antipáticas, ou até mesmo, antipatrióticas.
Mas, o que posso fazer em relação aos que não gostam de ler coisas que vão contra as suas opiniões?
Todos têm a sua, todas merecem respeito e consideração.
As imposições, entretanto, cobram um preço muito elevado.
Certo, o Brasil vai bem e suporta estes milhões de horas perdidas.
A economia nacional tem estrutura suficiente para ficar alguns milhões de horas sem produção. Será mesmo?
Será que não fará falta?
Será que todas as necessidades da população estão contempladas, ninguém mais precisa de pão e podemos nos permitir ao luxo do circo?
Volto a perguntar: como fica esta questão para quem quer trabalhar?
Estamos super dimensionando o valor de determinadas questões, em detrimento de outras.
Numa época em que a escala de valores está, realmente, alterada, não causa estranheza que as importâncias sejam estabelecidas pela emoção do momento.
O tema deveria ser levado à reflexão nacional. A mídia deveria encampá-lo, mas não o fará, pois se pauta no lucro.
E só assumirá uma posição diferente quando esta representar maiores ganhos.
Como bem sabemos, a mídia é a força todo-poderosa que dita as regras do jogo, da conduta, dos usos e dos costumes.
Se ela quer, ela faz. Ela elege presidente e destitui presidente. Vivemos, todos, sob a ditadura da mídia.
Pelo jeito, está bom assim, pois não se ouvem vozes em contrário (onde poderíamos ouvi-las?)
e a sociedade já está suficientemente mansa para fazer qualquer contestação.
A acomodação, a indiferença, a submissão passiva, são verdadeiras zonas de conforto das quais ninguém mais quer sair.
Aceitamos qualquer coisa, desde que não nos peçam nada, que não nos exijam nada, que nada precisemos fazer, e de preferência, nem mesmo pensar.
Agora é hora de copa do mundo. Logo depois será uma campanha eleitoral e a volta do campeonato brasileiro, de futebol, é claro.
Já não sabemos mais viver sem o circo.
Para suportar nossas próprias omissões e nossos silêncios cúmplices, necessitamos de algo que nos distraia,
que justifique nossas acomodações e submissões.
Afinal, não temos tempo, temos que trabalhar...
(Autor: Egon Hilario Musskopf - Jornalista)

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